Construção de um caiaque oceânico de madeira IV – Resinagem

Uma vez todo o trabalho de madeira terminado (plainagem, lixamento, preenchimento de pequenas imperfeições), tanto do casco quanto deck, inicia-se a fase de resinagem das superfícies.

As superfícies externas e internas do casco e deck serão recobertas com camadas de fibra de vidro e reina epóxi. Isso tem um duplo objetivo.

O primeiro é o de isolar a madeira da água, vedando a própria madeira e o barco como um todo. O segundo é que a seqüência fibra de vidro/resina + madeira + fibra de vidro/resina forma uma estrutura compósita com alta resistência à flexão. Para resistência igual, essa forma construtiva permite barcos com peso muito menor em relação ao construído somente em madeira ou fibra de vidro.

Fibra de Vidro e Resina

A resina que deve ser utilizada com madeira é a epóxi. É mais cara do que as resinas comuns, para peças de fibra somente, mas é a indicada para madeira. Essas resinas são bicomponentes: a resina propriamente dita e o catalisador. Existem várias formulações. Duas características são importantes: o tempo de gel, ou seja, o tempo que se tem entre o início da mistura resina/catalisador e o momento em que a mistura começa a adquirir uma consistência de gel. Recomendo um tempo de pelo menos uns 30 minutos, o que permite um certo tempo de trabalho adequado. A outra característica importante é a transparência da mistura. Tanto a resina quanto o catalisador tem um parâmetro chamado de índice de transparência. Quanto menor, mais transparente ficará a camada resinada.

Existem várias tramas de tecido de fibra de vidro em várias gramaturas. Utilizei gramaturas de 300 gr e 600 gr. A primeira, mais leve, utilizei no deck e na superfície interna do casco. A segunda, mais pesada, utilizei na parte de baixo do casco.

A resinagem do casco e do deck

O comprimento de tecido a ser comprado dependerá da quantidade de camadas que se quer aplicar. Eu usei uma camada de 600gr e outra de 300gr no lado externo do casco e uma camada de 300gr nas demais superfícies. O número de mãos de resinas são as necessárias para cobrir a espessura do tecido de fibra. Entre uma mão e outra, sobretudo se se passa várias horas entre demãos, é necessário lixar a superfície para facilitar a aderência da próxima demão de resina. Cada demão precisa aplicada integralmente de uma vez sobre toda a superfície. Caso contrário pode ficar uma marca entre a mão anterior e a nova camada.

Aconselho fortemente o uso de máscara respiratória, sobretudo na fase de lixamento da resina. O pó branco é muito leve e entra em suspensão no ar facilmente, sendo altamente tóxico.

Durante a resinagem da primeira superfície (geralmente a externa) do casco e do deck, procurar utilizar espaçadores internos, distribuídos ao longo da estrutura, para manter a forma original. Isso deve ser feito até a secagem das camadas de resina. Esses espaçadores são feitos com as dimensões tiradas das cavernas da estrutura utilizada para a montagem do barco.