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Canoas ? Caiaques ?

Quando se quer iniciar no mundo da canoagem, muito provavelmente se depara com a seguinte questão: com que barco eu vou ?
A resposta a essa questão não é simples. Há, naturalmente, inúmeros aspectos que definem essa escolha. Mas muitas vezes é o gosto e “idéias” pessoais que acabam decidindo. Abaixo comento alguns pontos de caráter mais técnico.
Talvez os dois principais fatores que guiam a escolha de um barco sejam o tipo de uso e custo. Há certos tipos de uso em que há opções de vários preços. No entanto também há tipos de uso em que há a necessidade de barcos com características específicas e não há margem para “negociação”.
Apresento abaixo uma classificação genérica. Naturalmente que a criatividade humana é quase ilimitada e há dezenas de usos que não se encaixam nesse esquema. Por exemplo, não pretendo contemplar no esquema abaixo as embarcações de classe olímpica ou de competição de maratona. Classificar é restringir, mas serve como orientação geral.




Classe olímpica K1


1) Uso de um dia, para pequenas remadas, brincadeiras na praia ou represas e pescarias em lagos, represas, estuários e rios tranquilos e calmos.
São em geral embarcações de baixo custo, fabricadas em polietileno de alta densidade. São caiaques do tipo sit on top, bem estáveis por terem uma boca larga e serem relativamente curtos e, por isso mesmo, têm um desempenho hidrodinâmico não muito bom para grandes travessias. Também existem canoas em polietileno. Essas muitas vezes têm o problema de serem pouco rígidas o que prejudica muito a hidrodinâmica. Tanto o caiaque quanto a canoa são bastante utilizados para pescarias.
Existem também os chamados “surfinhos”. Caiaques curtos, feitos em fibra, e utilizados para brincadeiras em praias e grandes travessias. Também existem canoas em polietileno. Essas muitas vezes tem o problema de serem pouco rígidas o que prejudica muito a hidrodinâmica. Tanto o caiaque quanto a canoa são bastante utilizados para pescarias.
2) Uso em águas brancas: corredeiras
São para uso em corredeiras. Há duas características altamente desejáveis nesse tipo de embarcação: resistir a impactos em pedras e ser altamente manobrável. Por isso são caiaques feitos em polietileno de ata densidade, já que esse material aguenta muito mais impacto do que fibra de vidro. São caiaques muito curtos o que os torna extremamente manobráveis. Para corredeiras mais fracas, as canoas de polietileno também podem ser uma opção boa opção. Mas, por experiência própria, desaconselho enfaticamente o uso de barcos em fibra.
3) Expedições em mar
Os barcos dessa categoria também podem ser utilizados no caso 1 e no caso 2 desde que sejam em pequenas e fracas corredeirazinhas.
Mas são embarcações otimizadas para uso em mar, em travessias de vários dias. São, sobretudo, caiaques de comprimentos entre 4,5 e 5,5 m (16 e 17 pés) na configuração individual. Há os de configuração dupla, para dois remadores, e aí o comprimento gira em torno de 5,5 e 6,5 m.
Esses barcos são projetados para terem uma ótima hidrodinâmica, ou seja, terem baixa resistência de movimento na água. Por isso são barcos de boca pequena. Enquanto as canoas e caiaques sit on top tem boca em torno de 80 a 90 cm, os caiaques oceânicos têm boca entre 60 e 70cm. Portanto a estabilidade é menor, mas não significa que seja um inconveniente, já que com um pouco de prática são bem confortáveis em termos de estabilidade.
Os caiaques oceânicos também possuem compartimentos estanques na popa e na proa, com acesso por gaiutas no deck. Esses compartimentos são de volume apreciável. É possível levar todo o equipamento e mantimentos necessários para dezenas de dias de navegação.
Outra característica importante é o fato dos caiaques oceânicos terem o deck (a parte de cima do caiaque) fechado, com apenas a abertura do cockpit para o remador (que pode ser fechada com o uso da chamada saia de neoprene ou nylon, vestida pelo remador). Dessa maneira o barco fica virtualmente estanque. Ondas podem passar por ele e, mesmo virá-lo, sem que entre água. Em caso de capotamento existem manobras que o remador pode fazer para desvirar sem sair do caiaque.
Canoas podem ser usadas em mar. Há relatos de grandes travessias feitas com canoas. Elas possuem uma hidrodinâmica pior que o caiaque, mas podem levar grandes volumes de carga. No mar, as canoas são em geral “fechadas” com uma grande saia que envelopa todo a parte de cima, para evitar a entrada de água.
Outra característica que tem certa importância no mar é a direcionalidade do barco. Ou seja, a facilidade com que ele mantém o curso, ao longo da remada. No mar os trajetos são retilíneos e não há necessidade de se fazer curvas acentuadas. Portanto os caiaques possuem um casco “quilhado”. Ou seja, o casco é feito de maneira que otimize ao máximo a manutenção da direção da embarcação, evitando o zig-zag. Isso também significa que a manobrabilidade fica prejudicada, mesmo com a utilização de um leme de popa, controlado pelos pés.
4) Expedições em rios
O Brasil possui uma costa enorme com inúmeras possibilidades de remadas fantásticas. Mas também tem uma riqueza fluvial enorme, dos mais variados tipos e configurações. Rios para passeios de fim de semana e rios para expedições de várias semanas.
A maioria do que foi dito no item anterior se aplica a expedições em rios. No entanto o meio fluvial tem suas particularidades. Talvez as duas principais diferenças com o mar são: não há ondas (eventuais pequenas corredeiras podem geral ondas mas são ... eventuais...) e há curvas e correnteza. Ou seja, a questão da estanqueidade do deck é secundária, e a manobrabilidade passa a ser um fator de certa importância.
Para expedições em rios utilizam-se, em geral, canoas e caiaques de dimensões superior a 4,5m. É desejável, no caso de caiaques, que o casco seja menos quilhado e que tenha leme controlado no pé. Sobretudo em rios pequenos, com curva e boa correnteza, isso ajuda muito a não acabar enroscado em alguma galhada de beira de rio. Um aspecto importante é quanto ao peso da embarcação (e do equipamento levado). Pode acontecer de aparecer a necessidade de se realizar alguma portagem pela margem, seja devido a alguma corredeira ou cachoeira mais pesada, seja pela presença de galhadas e troncos que bloqueiem o rio. Nessas horas, cada grama economizada revela sua importância. Um peso máximo, para barcos até uns 5,2m (canoa ou caiaque) é entre 30 e 35 no máximo. O ideal seria algo entre 20 e 25 kg.
Minha experiência tem mostrado que os caiaques e canoas de fibra de vidro ou madeira são o ideal. Têm casco rígido, peso adequado, permite formato de casco de boa hidrodinâmica e possuem ótimo volume de carga.

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