Quando se quer iniciar no mundo da canoagem, muito provavelmente se depara com a seguinte questão: com que barco eu vou ?
Apresento abaixo uma classificação genérica. Naturalmente que a criatividade humana é quase ilimitada e há dezenas de usos que não se encaixam nesse esquema. Por exemplo, não pretendo contemplar no esquema abaixo as embarcações de classe olímpica ou de competição de maratona. Classificar é restringir, mas serve como orientação geral.
Classe olímpica K1
São em geral embarcações de baixo custo, fabricadas em polietileno de alta densidade. São caiaques do tipo sit on top, bem estáveis por terem uma boca larga e serem relativamente curtos e, por isso mesmo, têm um desempenho hidrodinâmico não muito bom para grandes travessias. Também existem canoas em polietileno. Essas muitas vezes têm o problema de serem pouco rígidas o que prejudica muito a hidrodinâmica. Tanto o caiaque quanto a canoa são bastante utilizados para pescarias.
Existem também os chamados “surfinhos”. Caiaques curtos, feitos em fibra, e utilizados para brincadeiras em praias e grandes travessias. Também existem canoas em polietileno. Essas muitas vezes tem o problema de serem pouco rígidas o que prejudica muito a hidrodinâmica. Tanto o caiaque quanto a canoa são bastante utilizados para pescarias.
2) Uso em águas brancas: corredeiras
3) Expedições em mar
Os barcos dessa categoria também podem ser utilizados no caso 1 e no caso 2 desde que sejam em pequenas e fracas corredeirazinhas.
Mas são embarcações otimizadas para uso em mar, em travessias de vários dias. São, sobretudo, caiaques de comprimentos entre 4,5 e 5,5 m (16 e 17 pés) na configuração individual. Há os de configuração dupla, para dois remadores, e aí o comprimento gira em torno de 5,5 e 6,5 m.
Esses barcos são projetados para terem uma ótima hidrodinâmica, ou seja, terem baixa resistência de movimento na água. Por isso são barcos de boca pequena. Enquanto as canoas e caiaques sit on top tem boca em torno de 80 a 90 cm, os caiaques oceânicos têm boca entre 60 e 70cm. Portanto a estabilidade é menor, mas não significa que seja um inconveniente, já que com um pouco de prática são bem confortáveis em termos de estabilidade.
Os caiaques oceânicos também possuem compartimentos estanques na popa e na proa, com acesso por gaiutas no deck. Esses compartimentos são de volume apreciável. É possível levar todo o equipamento e mantimentos necessários para dezenas de dias de navegação.
Outra característica importante é o fato dos caiaques oceânicos terem o deck (a parte de cima do caiaque) fechado, com apenas a abertura do cockpit para o remador (que pode ser fechada com o uso da chamada saia de neoprene ou nylon, vestida pelo remador). Dessa maneira o barco fica virtualmente estanque. Ondas podem passar por ele e, mesmo virá-lo, sem que entre água. Em caso de capotamento existem manobras que o remador pode fazer para desvirar sem sair do caiaque.
Canoas podem ser usadas em mar. Há relatos de grandes travessias feitas com canoas. Elas possuem uma hidrodinâmica pior que o caiaque, mas podem levar grandes volumes de carga. No mar, as canoas são em geral “fechadas” com uma grande saia que envelopa todo a parte de cima, para evitar a entrada de água.
Outra característica que tem certa importância no mar é a direcionalidade do barco. Ou seja, a facilidade com que ele mantém o curso, ao longo da remada. No mar os trajetos são retilíneos e não há necessidade de se fazer curvas acentuadas. Portanto os caiaques possuem um casco “quilhado”. Ou seja, o casco é feito de maneira que otimize ao máximo a manutenção da direção da embarcação, evitando o zig-zag. Isso também significa que a manobrabilidade fica prejudicada, mesmo com a utilização de um leme de popa, controlado pelos pés.
4) Expedições em rios
O Brasil possui uma costa enorme com inúmeras possibilidades de remadas fantásticas. Mas também tem uma riqueza fluvial enorme, dos mais variados tipos e configurações. Rios para passeios de fim de semana e rios para expedições de várias semanas.
A maioria do que foi dito no item anterior se aplica a expedições em rios. No entanto o meio fluvial tem suas particularidades. Talvez as duas principais diferenças com o mar são: não há ondas (eventuais pequenas corredeiras podem geral ondas mas são ... eventuais...) e há curvas e correnteza. Ou seja, a questão da estanqueidade do deck é secundária, e a manobrabilidade passa a ser um fator de certa importância.
Para expedições em rios utilizam-se, em geral, canoas e caiaques de dimensões superior a 4,5m. É desejável, no caso de caiaques, que o casco seja menos quilhado e que tenha leme controlado no pé. Sobretudo em rios pequenos, com curva e boa correnteza, isso ajuda muito a não acabar enroscado em alguma galhada de beira de rio. Um aspecto importante é quanto ao peso da embarcação (e do equipamento levado). Pode acontecer de aparecer a necessidade de se realizar alguma portagem pela margem, seja devido a alguma corredeira ou cachoeira mais pesada, seja pela presença de galhadas e troncos que bloqueiem o rio. Nessas horas, cada grama economizada revela sua importância. Um peso máximo, para barcos até uns 5,2m (canoa ou caiaque) é entre 30 e 35 no máximo. O ideal seria algo entre 20 e 25 kg.
Minha experiência tem mostrado que os caiaques e canoas de fibra de vidro ou madeira são o ideal. Têm casco rígido, peso adequado, permite formato de casco de boa hidrodinâmica e possuem ótimo volume de carga.
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